segunda-feira, 17 de outubro de 2011

No disfarce das flores


                    Pensar em Ilha das Flores nos remete a algo bonito, cheiroso, agradável, de uma beleza definida como natural, de um espaço aberto ao amor e ao aconchego. Com esse pensamento, somos levados a questionar o porquê do curta metragem “Ilha das Flores” receber esse título – se na verdade o que é mostrado não condiz com o significado que essas palavras produzem na mente humana. Será uma forma de mexer com nossos sentimentos frente ao descaso do ser humano com ser humano? Ou será a maneira que encontrou para denunciar algo que se torna banal nessa sociedade capitalista, quando o homem menospreza o da mesma espécie por não ser seu dono e não possuir dinheiro? Fica essa provocação levada ao íntimo de cada indivíduo o porquê dessas coisas inexplicáveis aos sentidos da existência humana.
                        O curta metragem nos direciona a uma reflexão profunda dos nossos valores humanos, quando trata de um tema bastante discutido na sociedade – direitos  humanos e cidadania, mostrando-o numa forma tão clara e simples a negação desses direitos e dessa cidadania. Ele faz uma relação dos seres humanos – o que todos têm em comum – polegar opositor e encéfalo desenvolvido; chamando nossa atenção que somos iguais na natureza em ser “humano”, diferentes culturalmente e economicamente. Essa relação traz a discussão os direitos humanos e os direitos do cidadão, que se difere entre si, segundo nos mostra (Soares, 2004, p. 51) “Do ponto de vista legal, o conteúdo dos direitos do cidadão e a própria ideia de cidadania não são universais, visto que eles integram uma específica ordem jurídica.” enquanto (Soares, 2004, p. 52) “Já os direitos humanos são universais e naturais; ...eles se referem a um membro de uma sociedade política; a um membro de um Estado; eles se referem à pessoa humana na sua universalidade.”
                        A discussão posta anteriormente acerca dos direitos humanos tendo a premissa o direito a vida, daí ter direito a dignidade e a de ter direito a direitos. Nessa perspectiva indagamos a realidade mostrada no curta Ilha das Flores, onde explicita o capitalismo X direitos humanos, em que o ser humano sem dinheiro e sem dono tem menos valor do que porcos – animais que não possui o encéfalo desenvolvido e nem o polegar opositor; deixando claro que o homem não se identifica com o outro em função do poder e do dinheiro, negando a dignidade humana, negando assim os direitos humanos e a cidadania.
                        Ao refletir a realidade de Ilha das Flores, fica a pergunta que não quer calar, se os direitos humanos são universais e naturais por que ainda existem realidades como essas? Relacionando essa inquietação ao que nos diz (Soares, 2004, p.59) “Sua unidade existencial significa que o ser humano é único e insubstituível. Como dizia Kant, é o único ser cuja existência é um valor absoluto, é um fim em si e não um meio para outras coisas.” nos encaminha para reflexão sobre nossas ações, atitudes quanto ser humano, o que estamos fazendo: conhecendo e compreendendo os direitos na sua materialidade histórica, ou, além dessa compreensão precisamos pensar em que fazer mediante ao desafio que nos é posto como educadores no século XXI – globalizado e neoliberal? A resposta dada a esse questionamento é que vai direcionar nossa participação social enquanto indivíduos humanos.

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