quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

RELATO DE EXPERIÊNCIA: “DESCOBRINDO A LEITURA E A ESCRITA”

Secretaria Municipal de Educação e Cultura
Marcelino Vieira – RN
Pró-Letramento

RELATO DE EXPERIÊNCIA: “DESCOBRINDO A LEITURA E A ESCRITA”

Professora – Marilu Mendes Cunha
Coordenadora e Tutora do Pró-Letramento – Mary Carneiro de Paiva Oliveira

APRESENTAÇÃO

Sabendo da importância do brincar da criança e que este poderia ser um recurso a ser aproveitado em sala de aula para aquisição da leitura e do sistema de escrita alfabética, é que o trabalho ora apresentado em forma de relato de experiência com o título “Descobrindo a Leitura e a Escrita”, traz a tona a verdadeira relevância do lúdico dentro da sala de aula, vez que, esse se mostra como uma ferramenta na descoberta da leitura e da escrita.
Ao desenvolver a atividade lúdica os alunos adquirem disposições favoráveis à escrita e a leitura. O lúdico é muito importante para a aprendizagem, pelo brincar a criança constrói seu pensamento lógico; assim, a alfabetização fica mais divertida e duradoura, pautados nesta afirmação é que a Escola Municipal Raquel Silva juntamente com a professora Marilu inseriram na sua prática pedagógica o lúdico com forma alfabetizar letrando, experiência presente no trabalho desenvolvido e apresentado no curso de formação continuada Pró-Letramento.

CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA E DA TURMA

A Escola Municipal Raquel Silva foi fundada no ano de 1997 através do Decreto do Executivo nº. 12/97 de 07 de março de 1997, a escolha do nome foi uma homenagem em vida a uma antiga professora alfabetizadora, a Senhora Raquel Silva.
O objetivo de sua criação foi a de atender o ensino pré-escolar (conhecida como educação compensatória), já que no município só existia creches que atendia crianças sem a preocupação do pedagógico, e sim, com o cuidar social de higienização e alimentação.
De início ela não possuía sede própria, funcionava em um prédio alugado mantido pela Prefeitura Municipal, oferecia somente uma turma de pré-escola e outra de alfabetização, começou como uma escola bem pequena, mas com o passar do tempo e seu trabalho reconhecido pela comunidade, hoje já é uma escola de médio porte com mais de 300 alunos.
No ano de 1999 o gestor municipal da época construiu a sua sede, passo muito importante para o crescimento da escola. Ela continuou oferecendo somente a Educação Infantil nas modalidades de pré-escola e alfabetização, que permaneceu até o ano de 2000, pois a partir de 2001 com uma nova gestão educacional passou também a oferecer o ensino de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental, onde foi ampliada, com a construção de mais salas de aula, outro marco que proporcionou seu avanço na educação municipal. E no ano de 2007 passou a atender somente as séries iniciais do Ensino Fundamental, através da decisão do gestor municipal de educação devido as mudanças ocorridas com a implantação do FUNDEB (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica) e o Ensino Fundamental de 9 anos, mas seu papel na formação e no desenvolvimento infantil se acentuou ainda mais, já que agora além de contribuir para o pensamento lógico do indivíduo, tem também a função de iniciar a sistematização da aprendizagem mediante aos conhecimentos já adquiridos na Educação Infantil.
A turma onde o trabalho de experiência foi realizado, foi uma sala de 1º ano do Ensino Fundamental na Escola Municipal Raquel Silva, com 29 alunos e tem como professora Marilu Mendes Cunha, docente e pedagoga com mais de 10 anos de trabalho na educação do município. A sala da professora Marilu apresenta crianças na faixa de 6 e 7 anos de idade, mais de 60% desses alunos estão descobrindo a leitura e a escrita, na fase de apropriação do sistema de escrita alfabética e da leitura, é uma turma bastante participativa e atenciosa, características favoráveis ao uso do lúdico na sala de aula.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A sala de aula tem entre outras características, o fato de se apresentar como coisa séria, não permitindo espaço para o divertimento; o rigor e a disciplina são mantidos em nome dos padrões institucionais, o que torna o ambiente infantil artificial, longe dos gostos das crianças. O brincar se resume em ouvir histórias ou cantar algumas músicas. A hora do recreio e a hora da saída se tornam os únicos momentos em que as crianças desnudam da responsabilidade da escola para permitir-se brincar e ser criança.
Diante disto, a escola precisa se dar conta que através do lúdico as crianças têm chances de crescerem e se adaptarem ao mundo coletivo. O lúdico deve ser considerado como parte integrante da vida do homem não só no aspecto de divertimento ou como forma de descarregar tensões, mas também como uma forma de penetrar no âmbito da realidade, inclusive na realidade social. Sobre o aspecto lúdico-sociedade, Kischimoto nos diz que:
" brincando(...) as crianças aprendem(...)a cooperar com os companheiros(...), a obedecer as regras do jogo(...), a respeitar os direitos dos outros(...), a acatar a autoridade (...), a assmir responsabilidades, a aceitar penalidades que lhe são impostas(...), a dar oportunidades aos demais(...), enfim, a viver em sociedade" (Kichimoto, 1993, p. 110)
A questão fica sobre o fato das escolas afastarem o lúdico da vivência dos alunos em sala de aula ao invés de aproveitarem como instrumento facilitador da aprendizagem, o que demonstra uma postura que nega a cultura infantil. Como nos diz Santo Agostinho: "O lúdico é eminentemente educativo no sentido em que constitui a força impulsora de nossa curiosidade a respeito do mundo e da vida, o princípio de toda descoberta e toda criação".
Vendo a escola como espaço de criação e não de reprodução, Marcellino nos chama atenção quando diz:
“A negação da possibilidade da vivência do lúdico pelas crianças, sua não consideração pela escola, contribui para que esta colabore não na montagem de um verdadeiro 'teatro infantil', onde 'atores' interagem, criam coletivamente, mas sim de um teatro de bonecos, onde são encenados, diariamente, tristes espetáculos de ventriloquia." (1990, p.103).
Nessa perspectiva, observa-se que a escola pode contribuir para a formação de bonecos manipulados, moldados de acordo com os padrões exigidos pela sociedade capitalista e injusta, negando-lhe o processo de criação e descoberta do mundo onde interage, prevalecendo os interesses da escola e não de um indivíduo que pode pensar, refletir e agir.
Em contrapartida, não devemos negar que a escola tenha também o seu lado sério; o problema é a forma pela qual ela interage com as crianças. O fato de apresentar-se séria não quer dizer que ela deva ser rigorosa e castradora, mas que ela consiga penetrar no mundo infantil, para a partir daí, poder desempenhar a sua real função de formadora afetivo-intelectual. Para tanto, é necessário que a mesma busque valorizar a seriedade na busca do conhecimento, resgatando o lúdico, o prazer do estudo, sem contudo reduzir a aprendizagem ao que é apenas prazeroso em si mesmo.
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA
A experiência descrita teve como área de conhecimento principal “Língua Portuguesa”, com o objetivo de possibilitar ao processo de aquisição da leitura e da escrita dos educandos, partindo de jogos educativos que envolvessem a linguagem verbal, proporcionando que os alunos refletissem e compreendessem melhor o sistema de leitura e escrita, favorecendo assim, um momento de descontração e de integração entre os mesmos.
O conteúdo explorado como eixo principal foi à descoberta da LEITURA e da ESCRITA, através de uma conversa dirigida resgatando os conhecimentos prévios dos alunos a respeito do conteúdo ora trabalhado, seguindo a aula cantarolaram músicas infantis e depois houve a exposição de jogos educativos que seriam utilizados pelos alunos na seqüência, o que possibilitou aos mesmos a apreciação e o conhecimento da maneira de brincar com eles, em que a professora explicou os seus usos. Logo em seguida, a turma foi dividida em 05 grupos, segundo critério das cores que estavam em uma caixa, após a divisão, a professora distribuiu os jogos e sugeriu as crianças que ao concluírem o processo da brincadeira realizassem a troca dos jogos com os demais grupos para que houvesse uma maior interação. Depois, com o auxílio da professora, os alunos listaram os nomes dos jogos educativos utilizados durante as atividades em grupo, nesse momento eles foram analisando e escrevendo o número de sílabas que compunham a escrita do nome de cada jogo realizado. E uma das características dos jogos utilizados era que a maioria era centrado na leitura e escrita de palavras como o quebra-cabeça das vogais, o jogo das vogais, o dominó de palavras; os outros eram seqüências lógicas.
Finalizando a etapa da sala de aula, a professora pediu aos alunos com ajuda de alguém pesquisar em livros ou revistas outras sugestões de jogos, para trazer para a sala de aula e montarem uma exposição com os jogos pesquisados.
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
A avaliação dos resultados teve como eixo prioritário o interesse, a participação e desempenho dos alunos durante o desenvolvimento das atividades realizadas, também serviu para diagnosticar as dificuldades e os avanços da turma mediante a leitura e a escrita. Foi observada a grande atenção que eles tinham em todas as atividades desenvolvidas, sendo um trabalho de integração entre o prazer da brincadeira com jogos e o momento de reflexão dos sistemas que formam a nossa língua materna.
CONCLUSÕES
Após todas as observações da execução do trabalho ora planejado na escola pela professora Marilu, a conclusão obtida foi de que é possível interligar prazer e estudo através de atividades lúdicas, em que alunos brinquem e aprendam ao mesmo tempo, o que torna a sala de aula em um espaço de alegria e aprendizagem.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

MINHAS MEMÓRIAS...


Memórias de Alfabetização
Ler, é lembrar do meu pai

Mary Carneiro de Paiva Oliveira

Retornar a minha infância me faz lembrar e reviver o desejo que eu tinha de ler, escrever e ir à escola.
A grande sabedoria do meu eterno “painho” fez com que eu desejasse aprender e a valorizar o espaço escolar. Lembro-me que aos 4 (quatro) anos de idade, ganhei o primeiro gibi, onde posteriormente me fazia alfabetizada, pois é, aprendi a ler nos quadrinhos do Pato Donald e do Tio Patinhas, há! Adorava aquelas histórias. (Eu, Vovô Firmo e Otávio - meu sobrinho)
Minha alfabetização aconteceu antes de freqüentar a escola, porque meu pai desde muito cedo, quando era bem pequenina, já contava e lia histórias para mim e meus irmãos, jamais esqueci a história “A festa no céu”, voava na fantasia, quando ele contava a boca da noite na calçada de Titia.
José Carneiro, como meu pai se chamava, trabalhava na biblioteca da cidade e amava a leitura, seu exemplo nos foi repassado, seus presentes sempre fora gibis ou livros, tudo isso despertou em mim essa vontade de aprender a ler.
Aos cinco anos de idade entrei para a escola particular de Dona Firmina, lá decorávamos a Cartilha de ABC e aprendíamos a copiar, juntamente com a escola de Dona Firmina e as tentativas solitárias de ler os gibis que possuía, acabei sendo alfabetizada aos 6(seis) anos de idade.
Quando já estava alfabetizada, entrei para a escola normal, desejo que penetrava em minha alma, pois entendia que fazer parte de uma escola era coisa de gente importante. Nunca esqueci tia Vanci e nem tia Ritinha, professoras do Jardim de Infância e 1ª série da Escola Estadual Padre Bernardino Fernandes, onde lá estudei todo o Ensino Fundamental.
Com certeza, meu pai foi o meu maior mestre, ele sempre dizia: “A maior herança que um pai pode deixar para um filho é o saber”.

Saudades... Lembranças... Do meu querido Painho
Dois anos sem poder tê-lo perto de mim...
Te amarei sempre...

Sua filha Mary Carneiro – 12/10/2008